quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A descoberta de ser GAY

Cada pessoa desvenda a sua sexualidade a sua forma. Perceber a homossexualidade as vezes é algo sabido e as vezes leva-se um tempo. De qualquer forma, o importante é se descobrir.

São 7 anos que estou fora do armário e “tardiamente”, com 20 anos, me defini como gay. Não existe um tempo certo para isso. Mesmo porque frequentar lugares, casas noturnas e bares GLS com 16 anos, mas os pais pouco saberem da realidade não caracteriza um gay assumido. Se assumir gay não quer dizer transar com outro do mesmo sexo. Isso é o básico, o trivial. Assumir, aceitar e descobrir envolvem uma abertura clara e definida para o seu grupo social mais íntimo, que inclui pais, parentes e amigos. E envolve fundamentalmente a você mesmo, a sua cabeça e o quanto se está preparado para ser como é com naturalidade.
Bandeira Gay - A descoberta de ser gay
"Erguer sua própria bandeira" as vezes leva tempo e nem sempre é muito claro. Exige mais esforço e quem
não se esforça acaba vivendo de migalhas.

Na grande maioria das vezes a descoberta de ser gay vem aos poucos, vem com dúvidas e questões. Muitos gays, antes de se assumirem, têm relacionamentos heterossexuais para criar uma falsa imagem social ou para tentar entender “onde mora seu real prazer”. Muitas vezes o jovem assume uma imagem esteriotipada, “assexuada” ou anti-social numa fase de aceitação: se afasta de tudo que possa criar envolvimento para não ter que enfrentar suas verdades.
No meu caso, desde os oito anos senão mais cedo, sabia que minha atração estava mais voltado para a figura masculina. Muito pequeno, me sentia mais atraído fisicamente por meninos e, pelas amiguinhas, sentia afeto mas não atração. Na adolescência fui um dos que preferiu se afastar, criar uma imagem “assexuada”, desencanada e não investia muito em relacionamentos mais íntimos. Tinha “medo” de mulher, mas na verdade queria só homem! rs
A descoberta normalmente é processual. Conheço amigos e já tive ex-namorados que chegaram a namorar dois anos ou mais com meninas. Sentiam atração, se envolviam emocionalmente mas percebiam que uma “pegada” maior faltava. Eis a questão: na descoberta de ser gay definimos que o envolvimento, a atração física é maior ou total por homens, homens que se atraem por homens. E “bissexualidade” acontece com muitos como um transição, até que caia totalmente a ficha.
E “a ficha” demora para cair por alguns motivos: primeiro que somos educados desde sempre que “ser gay” é coisa errada. A auto-aceitação muitas vezes leva tempo e, então, a gente se força a seguir o padrão. Depois que a sexualidade é processual mesmo e precisa ser vivida com naturalidade. Para muitos é um pouco vergonhoso ser gay…
Tenho uma teoria que a bissexualidade, daqui há alguns anos, será um padrão de transição. Creio que chegará um tempo que, rompendo com os muros sociais, não mais existirá uma regra da heterossexualidade. As pessoas se envolverão por afinidades, afeição e atração e, questões relacionadas exclusivamente ao instinto da procriação ficará em segundo plano. Em outras palavras, as pessoas se envolverão por pessoas e os gêneros “masculino e feminino” não serão mais referência para que exista envolvimento.
Claro que isso leva tempo, exige um rompimento com o que é tradicional e mexe com questões morais e religiosas. Descobrir a homossexualidade ou a heterossexualidade, revelar o sexo, são temas envoltos de tabus desde sempre. Se heterossexualidade, descobrir o beijo, a transa e sofrer os efeitos dos hormônios já dá um trabalho, já confunde, imagine então descobrir ser gay?
Como muitos já me disseram e muitos já devem ter ouvido: para ser gay é preciso ser muito macho!

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